quarta-feira, 28 de março de 2012

Portugueses são os mais afectados pelo desemprego no Luxemburgo

Segundo os dados da ADEM, o equivalente aos centros de emprego em Portugal, em Janeiro deste ano inscreveram-se pela primeira vez na administração luxemburguesa do emprego 850 portugueses. No total a ADEM recebeu 2.500 novos pedidos de inscrição.

Em declarações ao CONTACTO, Jean Hoffmann, da direcção da ADEM no Luxemburgo, diz que "o número é muito elevado" e logo a seguir acrescenta que os portugueses lideram o "ranking" luxemburguês de inscrições no organismo, representando 35 % dos desempregados no país, logo seguidos dos luxemburgueses, com 30 %, e dos franceses, com 8 %.

O responsável da ADEM diz que não se trata de uma questão de nacionalidade, mas que estes números revelam a realidade laboral do país. Os portugueses trabalham sobretudo nos sectores da construção e na indústria, e estes foram os sectores mais atingidos pela crise. E explica: "O sector financeiro no Luxemburgo, por exemplo, também foi muito afectado pela crise, mas conseguiu sobreviver e dar a volta à situação. Os desempregados deste sector foram absorvidos pelo mercado de trabalho. A construção e a indústria, pelo contrário, continuam a ser tocadas pela crise e naturalmente os portugueses são os mais afectados".

Jean Hoffmann garante no entanto que estes números são equivalentes aos do ano passado. "O mês de Janeiro é sempre muito complicado nas questões do desemprego. Há contratos que acabam e que não são renovados, há o Inverno que afecta os trabalhadores da construção, e por isso os números são sempre mais elevados. Lá para Abril, os números vão começar a baixar, porque começa a haver mais oferta de trabalho", garante aquele responsável.

IMIGRAÇÃO PORTUGUESA NÃO PÁRA

O número de portugueses no Luxemburgo não pára de aumentar. Em 2011, inscreveram-se no Consulado do Luxemburgo quase cinco mil portugueses, e a manter-se o ritmo de Janeiro e Fevereiro deste ano, o número de novas inscrições consulares poderá atingir as 6 mil em 2012. Segundo as contas do conselheiro das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo, Eduardo Dias, "em breve poderemos ser 120 mil".

Ainda segundo os números fornecidos pelo conselheiro das Comunidades, que diz citar o Ministro do Trabalho do Luxemburgo, chegaram ao Luxemburgo 250 novas crianças portuguesas, entre Setembro de 2010 e Setembro de 2011, e só até ao dia 8 de Fevereiro deste ano chegaram mais 140 novas crianças.


Números que impressionam e que vêm dar razão ao Cônsul Geral do Luxemburgo, que há muito tempo contraria os números do STATEC, o instituto de estatísticas nacional, que indica a existência de apenas 80 mil portugueses no Grão-Ducado.

Segundo o governo português, em média saem de Portugal entre 120 mil a 150 mil portugueses por ano. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que ontem esteve na Assembleia da República a falar sobre fluxos migratórios, diz que muitos dos portugueses que emigram não conseguem empregos compatíveis com a sua formação, mas garante que a maioria dos que deixam o país continuam a ser trabalhadores com poucas qualificações.

De acordo com os registos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em Portugal, o número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5 % entre 2009 e 2011.

CARITAS ABRE SERVIÇO PARA IMIGRANTES LUSÓFONOS

A nova vaga de imigração portuguesa para o Luxemburgo levou a Caritas a criar um novo serviço de apoio social especial para lusófonos.

A instituição não tem mãos a medir com a crescente procura de imigrantes originários dos países lusófonos.

O responsável pelo serviço, Amílcar Monteiro, diz que o perfil dos novos imigrantes está a mudar em relação aos mais antigos: "cada vez mais jovens, citadinos e com bom nível escolar, mas muitas vezes não dominam nenhuma das línguas do país e não têm carta de condução. E isto complica a entrada dos novos imigrantes no mercado de trabalho".

Para ajudar, a Caritas propõe ainda serviços de tradução e de aconselhamento ao nível das questões sociais, bem como um serviço de orientação profissional.

Amílcar Monteiro garante que nos "últimos meses, o número de pessoas que se dirigiram à Caritas duplicou".


Texto e foto: Domingos Martins

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