quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Irmã Marie Mathilde era "uma mãe" para os portugueses do Grund

A Irmã Marie Mathilde, que faleceu a 22 de Agosto, foi recordada e homenageada na semana passada pela Missão Católica portuguesa.

Na quinta-feira houve uma missa em honra da Irmã franciscana no Grund, e no sábado as pessoas que a conheceram juntaram-se à porta do cemitério de Mersch para entregar uma coroa de flores e fazer uma oração pela Irmã.

A Irmã Marie Mathilde, natural de Ahn, faleceu aos 85 anos depois de ter dedicado a maior parte da vida à igreja. Desde os anos 60 que Mathilde e a Irmã franciscana Françoise ajudavam os portugueses recém-chegados e os seus filhos com dificuldades na escola. Ana Maria Gomes, que a conheceu, recorda-se de a ver ajudar as crianças portuguesas.

"Eu estou no Grund há 17 anos e posso dizer que a Irmã Marie Mathilde era a humildade em pessoa. Ela ajudava as crianças a fazer os trabalhos de casa, sobretudo no Alemão, matéria em que tinham mais dificuldades", diz.

Para muitos portugueses, a Irmã representou a figura de uma mãe no Luxemburgo, seu país de acolhimento. A generosidade de Mathilde não tem segredos para a Irmã Susete, que pertence às Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima. Para Susete, a razão pela qual a Irmã ajudava a comunidade portuguesa e a comunidade cabo-verdiana é muito simples. "Esta ajuda faz parte da doação de si própria própria da religião cristã e da ajuda ao próximo. Naquela altura os portugueses eram os mais necessitados, e mais tarde foram os cabo-verdianos, e é por isso que a Irmã lhes prestava esse apoio".

Com a ajuda da Irmã Françoise, a Irmã Marie Mathilde assumia o trabalho de ama numa época em que não havia creches: ajudava as crianças a fazer os trabalhos de casa e ia mesmo buscá-las à escola. Também fazia de intérprete entre os professores e os pais e ajudava nos problemas burocráticos, que podem ser uma dor de cabeça para os recém-chegados.

Para os cabo-verdianos Maria dos Anjos e Domingos Tavares, as duas Irmãs e o padre Lourenço foram uma enorme ajuda para a comunidade de Cabo Verde. "Cheguei em 1970 e assisti sempre à missa no Grund. Eu considero a Irmã Marie Mathilde e a Irmã Françoise como minhas mães. As Irmãs e o padre Lourenço sempre foram meus amigos", disse Domingos Tavares, emocionado, ao CONTACTO.

"O padre Lourenço foi um padre na igreja do Grund que era luxemburguês e aprendeu o português. Ele presidia a eucaristia em português e estava consciente da barreira da língua para os portugueses. Como ele sabia que nós éramos um povo com fé, acolheu-nos e aprendeu a língua. Foi ele que deu início à missa em português", explica Dores Borges, outra paroquiana.

Foi Emília Moreira quem retomou o trabalho de Marie Mathilde na igreja do Grund quando há dois anos a Irmã foi para o Lar de Saint-Joseph, em Mersch. Hoje é ela quem trata das flores e arranja a igreja.

À missa de homenagem no Grund acorreram muitos paroquianos para prestar a última homenagem à "amiga dos portugueses". "Vieram adultos com os filhos que a Irmã ajudou quando eram crianças, e que disseram palavras emocionantes", disse Dores Borges.

Cristina Casimiro

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