domingo, 31 de julho de 2011

Crónica: Os castelos de Meysembourg e de Larochette

Esta última ( leschte/n ) crónica antes das férias ( vrun der Summervakanz ) do Verão leva-nos à "pequena rocha", isto é, ( dat heescht ) à localidade ( Uertschaft ) de Larochette ( Fiels ), exactamente ( ganz genau ) a sudoeste deste burgo onde ( wou ) vamos descobrir ( entdecken ) o castelo ( Buerg ) de Meysembourg ( Mesebuerg ), que mais se parece com um castelo dos contos de fadas do que propriamente com uma fortificação. Escondidas por detrás ( hanner/t ) de uma frondosa vegetação, duas (zwou) torres (Tierm) românticas deparam-se-nos em frente num abrir e fechar de olhos, tal como se, por magia, entrássemos numa espécie (eng Aart) de Disneylândia. O seu aspecto actual nada (näischt) tem a ver com o verdadeiro castelo, cuja origem remonta aos finais do séc. XI. A família dos Meysembourg desempenhou um papel importante (eng wichteg Roll) juntos dos condes do Luxemburgo e em particular (a besonnesch) junto da condessa Ermesinde (1186-1247) e do conde Jean l’Aveugle (1296-1247). Os arquivos históricos do séc. XII fazem referência à Dama de Meysembourg como sendo uma das confidentes da ilustre condessa, bem como ao nobre de Meysembourg, executor testamentário de Jean l’Aveugle, conde (Grof) de Luxemburgo e rei da Boémia (Kinnék vu Böhmen) (actual República Checa).

As invasões do pequeno (klengen) condado (Grofschaft) levaram por duas vezes (zweemol) à destruição (Zerstéierung) do castelo e à sua sucessiva reconstrução. Um dos seus últimos proprietários (Besëtzer) e herdeiro (Ierwen) por aliança da linhagem dos Meysembourg foi o nobre (Adel) Custine de Wiltz (Wolz) , que abandonou o país (huet de Land verlooss) quando as tropas napoleónicas ocuparam o Luxemburgo. A propriedade (Egentum) passou em seguida para os nobres de Fischbach, que a venderam aos Cassal, que, por seu lado, a venderam a Jean-Francois Reuter de Heddersdorf, que adquiriu praticamente (esou ze soen) toda a localidade de Larochette. Nos finais do séc. XIX, o castelo foi comprado pelo conde de Arenberg, que então (dann) mandou reconstruir o actual palácio segundo os planos do arquitecto Charles Arendt. Este palácio foi, até há pouco, pertença de uma família ligada aos magnates de uma grande firma (eng grouss Firma) de confecção neerlandesa, tendo, há mais ou menos (ongeféier) um mês, sido vendida a uma das mais conhecidas (bekannteste) famílias luxemburguesas ligadas ao comércio vinícola.

O castelo de Larochette


Como que em contraponto a este palácio de estilo neo-renascentista, as ruínas do castelo de Larochette são, por seu lado, bem visíveis a 150 metros de altura. Construído (gebaut) num promontório rochoso, cuja pedra, chamada "grés de Luxemburgo", é característica do país e utilizada na construção de edifícios (Gebaier) importantes, tais como o palácio grão-ducal ou a abadia de Echternach, este "primo" de Meysembourg também sofreu (huet och gelidden) , não só (net nëmmen) das vicissitudes do tempo, mas também (awer och) das guerras que por aqui se travaram. Aliás (iwregens), já aqui falámos (hu mir schon hei geschwat) da "lenda do poço de Larochette" ligada à história de uma ocupação inimiga. Tal como (esou wéi) os Meysembourg, os nobres de Larochette também desempenharam funções de destaque junto (beim) dos condes reinantes. Um documento do séc. XII atesta que os seus varões eram porta-estandartes dos condes do Luxemburgo e seus fiéis vassalos. A sua importância era tal que o imperador do Sacro Império Romano-Germânico Venceslau (Wenzel), e duque do Luxemburgo, concedeu-lhes o direito de cunhar moeda. Uma das curiosidades deste castelo é o facto de lá terem existido cinco palacetes (fënnef Schlässer) , o que indica que houve outras famílias nobres ligadas por aliança aos Senhores de Larochette que ali construíram o seu próprio (eegen) palácio. Sabe-se (et ass bekannt) que foi no decorrer do século XIV que duas das filhas dos Senhores de Larochette se casaram com dois nobres de Homburgo – localidade não muito longe do Luxemburgo –, dando assim origem ao "palacete Hombourg". Uma outra aliança foi ainda consagrada nos finais desse mesmo século com os nobres de Créhange (perto de Metz) – aliança que deu origem ao "palacete de Créhange". Infelizmente (leider), nos finais do século XVI, um terrível (fuerchtbar; schrecklech) incêndio (Feier; Brand) veio destruir o altivo castelo que assim ficou (déi esou bliewen ass) em ruínas até aos finais do séc. XX – altura em que as autoridades de tutela procederam a uma parte (en Deel) da sua reconstrução e a escavações arqueológicas que, finalmente, virão dar testemunho do seu passado, permitindo assim uma melhor compreensão da sua história.

Larochette detém igualmente um lugar de destaque na história contemporânea do Luxemburgo, visto que Jean Zinnen, o compositor da melodia que se tornou o hino nacional do Grão-Ducado ("Ons Hémecht – notre patrie"), é nativo de Larochette.

Maria Januário

Fotos: Gerry Huberty/Charles Caratini

(Rubrica de civilização, cultura e língua luxemburguesas, publicada na última edição do mês. Próxima publicação: 28 de Setembro)

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