terça-feira, 23 de novembro de 2010

Futebol: Mourinho agradece a Deus não ser uma pessoa modesta, em entrevista à France Football

O português José Mourinho, treinador da equipa de futebol do Real Madrid, agradece a Deus por não ser uma pessoa modesta, “uma qualidade que não ajuda em nada”, numa entrevista publicada hoje na revista francesa France Football, em que o técnico faa da sua filosofia de vida e de trabalho.

De acordo com a revista, Mourinho mostra-se um homem directo e de carácter forte e aponta a sinceridade como o seu pior defeito, enquanto treinador.

“Vivo e trabalho num mundo em que não podes dizer o que pensas, nunca podes dizer a verdade. Não ser hipócrita, não ser diplomático, não ser bajulador, esse é o meu maior defeito. O pior é que se te comparas com pessoas que o são, perdes sempre na comparação”, precisou.

Para Mourinho, “ganhar uma vez um campeonato, qualquer um o pode conseguir”, porque “o futebol é um jogo que permite que isso aconteça. Mas ganhar, ganhar e voltar a ganhar não é para todos os treinadores”.

Por isso, o treinador português, que disse estar “perfeitamente consciente” das suas capacidades, só gosta de rodear-se de pessoas que entendem a sua forma de estar no futebol.

“Gosto de pensar como penso e gosto muito que as pessoas que estão comigo pensam exatamente o mesmo do que eu. Que somos fortes, que temos qualidade, que somos os melhores, que ninguém nos pode ganhar. É a minha filosofia”, explicou.

Na entrevista, que decorreu na passada quarta feira, deixou de lado qualquer comentário ao ‘clássico’ FC Barcelona-Real Madrid, marcado para a próxima segunda feira, mas recordou-se dos jogos que disputou na época passada frente à equipa catalã, quando treinava os italianos do Inter de Milão

A meia final da Liga dos Campeões contra o Barcelona do ano passado foi uma boa publicidade, disse Mourinho, classificando-a como "um espetáculo magnífico”, pelo menos no “plano tático”, esclarecendo que o seu objetivo era ganhar a eliminatória e não fazer um jogo bonito no Nou Camp.

“[O espetáculo] aconteceu em Milão, no primeiro jogo. Ganhámos 3-1 e poderíamos, inclusivamente, ter marcado quatro golos. Viajámos para Barcelona com essa vantagem. Saímos a jogar, mas aos 10 minutos ficámos reduzidos a 10 jogadores”, lembrou, acrescentando: “Então, ou fazes de palhaço e levas cinco, ou reages como um campeão e consegues qualificar-te”.

O Inter de Milão chegou à final e venceu a Liga dos Campeões ao bater o Bayern de Munique 2-0, no estádio Santiago Barnabéu.

Por outro lado, José Mourinho, que se desfez em elogios ao emblema madrileno, não escondeu que gostaria de terminar a carreira na liga inglesa.

“O meu habitat natural é o futebol inglês. É ali que quero acabar a carreira, mas não podia estar mais satisfeito com o Real Madrid, tendo em conta a dimensão social do clube, o amor que suscita e a importância do desafio que me espera”, concluiu.

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