sábado, 28 de novembro de 2009

Efeméride: Enid Blyton, criadora de "Os Cinco" e de Noddy, morreu há 41 anos

Os livros de aventuras que Enid Blyton escreveu cativaram gerações, desde finais dos anos 30, sobreviveram às críticas de primarismo, racismo, sexismo, "produziram" imitadores - e ainda hoje, mudados os tempos e os hábitos, "vendem bem".

Até aos anos 80, terão sido vendidos em todo o mundo mais de 600 milhões de exemplares dos mais de 700 livros da autora inglesa.

Da sorte editorial de Blyton em Portugal não são conhecidos números, mas não restam dúvidas de que, a partir dos anos 60, quando apareceram no mercado português, os seus livros - as séries de Os cinco e Os Sete à cabeça - tiveram grande procura, porventura comparável à que tiveram, mais recentemente, os da saga de Harry Potter, da também inglesa J. K. Rowling.

Nascida em 11 de Agosto de 1897 em Londres, Blyton esteve para seguir a carreira da música. A literatura infanto-juvenil "falou mais alto" e reclamou-a.

Mas não nasceram logo, na sua primeira manifestação como escritora, os cinco miúdos que viriam a formar um dos mais apelativos grupos de aventureiros da literatura dirigida aos mais novos. Foi um poema - "Have you?" - o primeiro texto que a autora publicou, numa revista, a Nash's Magazine.

De poesia, aliás, seria também o seu primeiro livro: "Child whispers", de 1924.

Os Cinco teriam de esperar mais 14 anos para (em 1938) entrarem em acção, em "The secret island" (A ilha secreta, na versão portuguesa), o primeiro título da mais famosa de todas as séries para os mais novos criadas pela escritora (Os Sete, As Gémeas, Aventura, Mistérios, Noddy...).

Noddy nasceu faz este ano 60 anos. "Little Noddy goes to Toyland" (Nodi no país dos brinquedos, na versão portuguesa) se chama o livro que lhe assinalou o nascimento.

Noddy é um rapazinho de madeira - como o Pinóquio, de Carlo Collodi. Não tem, ao contrário de Pinóquio, problemas com o nariz se mentir, mas sim uma marcada propensão para se meter em problemas...

A figura vingou, os livros venderam, e Noddy, famoso, chegou ao teatro, ao cinema e à televisão. Não escapou à crítica, porém, e chegaram a descrevê-lo como "o mais egocêntrico, tristonho, choramingas e beato anti-herói na história da ficção britânica".

Críticas a quem o dera à luz também não faltaram. E não apenas por "culpa" de Noddy, mas de todos os heróis e heroínas por ela criados.

Os reparos, então e hoje, apontam mais frequentemente ao limitado léxico de Blyton, ao esquematismo das histórias, ao simplismo da caracterização psicológica das personagens, a par de "deslizes" sexistas e racistas.

Do lado positivo da balança, é regra reconhecerem-se, entre outros, estes méritos: deu a conhecer o seu meio e o seu tempo e estimulou nas crianças o gosto pela leitura.

Rezam as crónicas que Blyton tinha uma capacidade de produção impressionante: chegava a escrever 10.000 palavras por dia e, por exemplo, em 1940, deu à estampa onze livros.

Valeu-lhe esta "superprodução" terem circulado rumores de que nem tudo o que saía em livro com o seu nome lhe saía directamente da pena. Não foi o primeiro nem o último escritor a enfrentar esta suspeita.

Deixou de escrever nos primeiros anos da década de 60. Morreu em 28 de Novembro de 1968. Todos os anos há Clubes de Fãs a lembrar a data.

Raul M. Marques,
da Agência Lusa

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